4 elementos a ter em conta na criação da cultura remota
é caso para dizer: "isto só vai lá com o contributo das pessoas". por muito boa que seja a pessoa gestora da comunidade ou os canais de comunicação e até mesmo a cadeira do escritório lá de casa, as pessoas têm de disponibilizar-se a viver o trabalho de outra forma. a atitude das pessoas que fazem parte da tua equipa ou da tua turma lá da formação é chave para que a cultura remota se crie e seja alimentada, dia após dia.
actualmente estamos divididos entre os discursos "o online veio para ficar", "prefiro o teletrabalho", "gosto mais de ir ao escritório", "não dá para ter cultura de empresa com as pessoas em sítios diferentes". no que respeita à formação também há divisões: "o presencial é diferente", "o online dá-me mais jeito para organizar o dia", "se for importante tem de ser presencial".
em 2020 o contexto #covid19 empurrou muitas pessoas e empresas para o teletrabalho, algumas das quais sem qualquer experiência de trabalho remoto. não terá sido o contexto ideal para conhecer algo novo, pois havia uma outra novidade que trazia incerteza e uma série de outras novidades: a vida pandémica. avançámos para o trabalho remoto sem prática de cultura remota.
“A maior parte das empresas do Brasil e do mundo pôde dizer que tinha equipes remotas na pandemia. Mas há muita diferença entre ter uma equipe remota e uma que trabalha à distância com essa cultura” (Rafael Torales, Officeless)
actualmente estamos divididos entre os discursos “o online veio para ficar”, “prefiro o teletrabalho”, “gosto mais de ir ao escritório”, “não dá para ter cultura de empresa com as pessoas em sítios diferentes”. no que respeita à formação também há divisões: “o presencial é diferente”, “o online dá-me mais jeito para organizar o dia”, “se for importante tem de ser presencial”.
neste artigo vou defender que é possível criar e manter uma cultura remota entre colaboradores de uma empresa e/ou entre pessoas que frequentam uma acção de formação. como? com um forte sentido de gestão de comunidades, com uma definição clara de papéis e de canais de comunicação, com fronteiras definidas entre trabalho e lazer e com o contributo de cada uma das pessoas envolvidas na empresa e/ou na formação.
cultura remota e gestão de comunidades
connect, give & share, grow – este é o meu mantra há muito repetido no que respeita à gestão de comunidades (online e offline). uma comunidade acontece quando há um grupo de pessoas que partilha algo, que tem algo em comum. pode ser o mesmo local de trabalho ou a temática que fez com que se inscrevessem num dado curso.
a figura da pessoa gestora de comunidades é fundamental: para orientar as pessoas pelos canais de comunicação, para encaminhar perguntas, para dar respostas, para estar atenta às necessidades das pessoas, para ir revendo processos à medida que o tempo passa.
na gestão de comunidades escutar é tão essencial quanto planear: uma escuta atenta das necessidades das pessoas é meio caminho andado para poder planear próximos passos, para ter uma noção do todo enquanto se está a viver cada uma das partes.
O trabalho remoto pode trazer resultados tão bons ou melhores que o modelo de escritório tradicional, mas implica um compromisso com a mudança de paradigma. (Podcast Casa Trabalho Casa)
cultura remota e definição de papéis de canais de comunicação
saber quem faz o quê, o que se espera de quem e quando se deve fazer isto ou aquilo é essencial. quando estamos presencialmente no escritório estas coisas vão-se resolvendo, com encontros esporádicos nos corredores ou no espaço do café.
no ambiente remoto temos de definir papéis no início de um projecto (por exemplo) e quais os canais de comunicação a usar. na experiência da cultura remota é fundamental que as pessoas não se sintam isoladas, ainda que trabalhem sozinhas em casa. há que saber como contactar aquela pessoa e a outra, que regras devemos usar em termos de etiqueta de e-mail e também como agir em caso de urgência. talvez seja útil definir o que é urgência, pois não pode ser tudo urgente. viver em permanente estado de urgência conduz ao estado de burnout.
para isso é preciso parar e pensar, escrever alguns procedimentos orientadores e partilhar os mesmos com os elementos da comunidade. comunicar de forma clara e assertiva é possível – tanto no ambiente presencial como no ambiente remoto. neste artigo faço uma reflexão sobre isso, ora leia.
cultura remota e “trabalho é trabalho, conhaque é conhaque”
na cultura remota também podemos ter cafés e encontros casuais: só temos de ter esses canais definidos e um profundo respeito pelo tempo dos outros. atravessar o escritório para ir ter com a Maria e meter conversa com ela para me distrair um bocadinho pode ser substituído por um “tomamos um café no zoom às 14h?. é importante perguntar se a pessoa está disponível e definir um tempo para esse encontro, para que a gestão do dia não resvale.
a noção e a experiência do trabalho em equipa que assenta numa comunicação assíncrona é fundamental para que haja tempo e espaço para o trabalho e para o conhaque:
Crie oportunidades de proximidade com as pessoas em nível pessoal. Além de conversar sobre assuntos informais antes e após as reuniões, é uma ótima ideia combinar conversas aleatórias em pares semanalmente. São videoconferências que não possuem agenda definida, as pessoas se juntam em pares para conversar sobre sua vida, família, hobbies e interesses pessoais. (Officeless)
cultura remota e a atitude de cada um das pessoas
nada disto colhe se as pessoas não estiverem disponíveis. depois de ultrapassadas as questões mais técnicas (por exemplo, aprender a lidar com um canal que é novo), é preciso trabalhar para que as pessoas acolham outras formas de trabalhar e ultrapassem a resistência que ainda se vai encontrando aqui e ali.
um exemplo muito concreto diz respeito à forma como se gerem as reuniões. esta gestão tem muito a ganhar se foram implementados alguns procedimentos que certamente irão resultar em reuniões mais eficazes – e menos desesperantes.
“Mesmo que haja uma única pessoa remota na empresa, todos têm que se adaptar e repensar a comunicação, quais ferramentas usar etc. Caso contrário, você terá duas culturas — e, lógico, quem estiver fora do escritório nunca vai se sentir pertencente” (Rafael Torales, Officeless)
é caso para dizer: “isto só vai lá com o contributo das pessoas”. por muito boa que seja a pessoa gestora da comunidade ou os canais de comunicação e até mesmo a cadeira do escritório lá de casa, cada uma das pessoas que fazem parte da equipa têm de disponibilizar-se a viver o trabalho de outra forma. a atitude das pessoas que fazem parte da tua equipa ou da tua turma lá da formação é 🔑 chave para que a cultura remota se crie e seja alimentada, dia após dia.
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se precisa de consultoria para trabalhar procedimentos no sentido de promover a cultura remota na sua empresa, contacte-me: [email protected]