Fazer a diferença pela igualdade

Todos podemos desenvolver a nossa responsabilidade social individual, quando nos envolvemos profundamente e continuamente num problema específico da sociedade e começamos a contribuir para a sua solução, através de melhores práticas de acção directa e interveniente.

Embora a Responsabilidade Social Empresarial seja uma área de estudo relevante e com muitos casos de sucesso, gosto sempre mais de falar sobre a Responsabilidade Social Individual. Aquela em que todos nós podemos dar um passo na direcção de um mundo melhor, porque a responsabilidade social começa na nossa maneira de ver o mundo com igualdade.

“Life’s most persistent and urgent question is: ‘What are you doing for others?”

Martin Luther King

 

Há muitas maneiras de definir responsabilidade social, e de a trabalhar, seja numa perspetiva empresarial, seja em termos individuais. Todas as possíveis definições, têm a mesma origem: acreditar no bem-estar de todas as pessoas. Criar uma diferença positiva, através de uma visão e actuação inspiradora sobre o mundo e sobre os outros. 

Embora a Responsabilidade Social Empresarial seja uma área de estudo relevante e com muitos casos de sucesso, gosto sempre mais de falar sobre a Responsabilidade Social Individual. Aquela em que todos nós podemos dar um passo na direcção de um mundo melhor, porque a responsabilidade social começa na nossa maneira de ver o mundo com igualdade.

As redes sociais permitem-nos o acesso a histórias e páginas de pessoas, ou pequenos grupos da sociedade civil, inspiradoras que fazem a diferença em pequenos gestos, mobilizando-se para ajudar na solução de um problema que as “incomoda”, porque não lhe parece justo que alg uém, numa determinada fase da vida, esteja mais vulnerável e sem acesso aos recursos necessários, ou suficientes, para dar a volta e  se prenda nas voltas da vida.

Essas pessoas têm, pelo menos, duas coisas muito importantes, em comum: primeiro sentem-se efectivamente responsáveis por fazer alguma coisa, não conseguindo apenas lamentar que algo aconteça de determinada maneira menos positiva; depois, usam-se dos seus recursos e contactos para encontrar soluções, activam-se, e, principalmente, expõem-se sem reservas.

E é esse passo corajoso de afirmação de que algo não está bem e quero ajudar, que inspira e mobiliza o grupo que as segue e as reforça. Tornam-se credíveis perante o seu grupo de proximidade, e surgem, através delas, dezenas de pessoas que querem também fazer a diferença, mas não sabem como.

Quando esse desconforto perante a diferença surge, e nos questionamos sobre o que podemos fazer com o que temos e também, e muito importante, com quem conhecemos, encontramos muitas vezes a resposta no grupo do nosso local de trabalho, nos nossos contactos profissionais, e no grupo de amigos virtuais de todas as redes sociais em que estamos presentes.

O entrave é muitas vezes o receio da exposição, do julgamento dos outros e de potencial fracasso do nosso movimento. E, por isso, uma boa ideia, pode ser mobilizar um pequeno grupo de pessoas próximas, que sabemos que conseguimos activar para nos acompanhar.

Quando já existe um grupo, mesmo que apenas de duas pessoas, é preciso encarar a situação como um projecto, não empresarial mas social. Nesta fase, é inevitável usarmo-nos do marketing social e cumprir algumas fases:

  1. Reflectir e delinear de forma muito concreta qual é a nossa missão. Qual é o propósito que colocamos na nossa acção e com que fim.
  2. Importa perceber o contexto, perceber melhor o problema, os dados que existem, os porquês, as envolventes e o que já está a ser feito e por quem.
  3. Analisar outros projectos e a sua forma de estar no mercado, assim como que tipo de actividades são desenvolvidas e através de que parcerias. 
  4. Clarificar qual o objectivo do projecto. Que tipo de donativos procuramos e qual a quantidade mínima necessária para ser possível dar uma resposta qualitativa e cumprir a missão?
  5. Qual pode ser a nossa intervenção, de que recursos vamos precisar e que parcerias podemos vir a fazer.
  6. Quem queremos alcançar? Para que pessoas vamos falar? Com que tom?
  7. Onde e como vamos comunicar? É sempre muito fácil começar por criar um perfil na rede social onde estão as pessoas que queremos que nos ajudem a ajudar. Mas podemos também gerar maior notoriedade, e credibilidade, ao nosso projecto se envolvermos a imprensa.
  8. É muito importante fazer um cronograma, para garantir a continuidade da nossa acção e presença nos canais de comunicação que escolhermos. Atenção ao ritmo próprio do nosso público-alvo, o equilíbrio é muito importante!
  9. Por último, é necessário fazer um orçamento. Nem todos os donativos que recebemos serão utilizados no apoio à causa. Idealmente, 20% do nosso orçamento deve ser utilizado para o funcionamento do projecto em si.

 

Todos podemos desenvolver a nossa responsabilidade social individual, quando nos envolvemos profundamente e continuamente num problema específico da sociedade e começamos a contribuir para a sua solução, através de melhores práticas de acção directa e interveniente.

 

Quem é a Ana?

A Ana é professora no Instituto Politécnico de Portalegre. Podem acompanhá-la no twitter.