A VOST PORTUGAL

Tudo começou em agosto de 2018.

Um cenário dantesco. Imagens das televisões mostravam o percurso, extremamente rápido e disforme, desse mar de fumo e fogo. Nada o conseguia parar, nem ninguém conseguia informar sobre o que estava a passar! Assim, usando toda a boa vontade dos três iniciais membros, reuniu-se alguma informação que, à medida que era verificada, ia sendo publicada no Twitter.

 

 

Dias de árduo trabalho, noites sem dormir e claro, muito café! No final, a sensação de que, na melhor das nossas possibilidades, o trabalho que realizámos serviu de alguma forma, nem que fosse, pelo simples facto de relatar o que se estava a passar. Com o incêndio dominado, terminara a nossa tarefa.

Pensávamos nós!

Outubro do mesmo ano de 2018. Leslie, um furacão de categoria 1, “ameaçava” dirigir-se para o continente, depois de ter resvalado junto ao arquipélago da Madeira. Primeiro Lisboa, seria, o ponto de landfall. Depois, um pouco mais acima. Não! A Leslie ia entrar em terra, já como tempestade tropical, na zona Centro, na Figueira da Foz. Começava formalmente, naqueles instantes, a VOST Portugal, com mais membros voluntários, com uma vontade enorme de fazer diferente, de agir.

Com a chegada da Leslie, exatamente como sucedeu aquando do incêndio de Monchique, muitas horas dos dias seguintes foram preenchidas com acompanhamento em permanência no Twitter, mas também no local, para onde nos deslocámos, logo após a passagem da tempestade, verificando o que era necessário e entrando em contacto com diversas entidades, permitindo, encontrar familiares incontáveis ou, por outro lado, também pequenas reparações, por exemplo, em telhados destruídos. Daqueles meses até hoje seguiram-se imensas ativações – o nome que temos internamente, quando estamos focados em dado assunto de forma quase exclusiva.

 

A importância do real time e do Twitter

O dia a dia da VOST foi, desde o seu início, digital, nas redes sociais. Neste campo, o Twitter é a rede social onde temos maior foco, muito pelo real time da plataforma e como essa vertente consegue alcançar, num reduzido espaço de tempo, muitas pessoas. Foi por essa rede que vimos o trabalho desenvolvido por outras VOST espalhadas pelo Mundo, que já existiam antes de nós. A VOST Spain e as equipas regionais são um modelo a seguir, do que melhor que se faz em Social Media in Emergency Management (SMEM).

A relação entre congéneres é fundamental para permitir a partilha de conhecimento ou experiência, mas também é relevante para, se na existência de um incêndio de grandes proporções em Portugal ou, por outro lado, na presença de enormes dilúvios que provoquem severas inundações, por exemplo, em Espanha, possa existir um compromisso recíproco onde a partilha de recursos é crítica. No exemplo dessa relação próxima, na recente crise dos combustíveis em Portugal, a VOST Spain mapeou postos de combustíveis ao longo da fronteira com Espanha, procurando-se que pudessem funcionar como alternativas viáveis aos nossos.

Por outro lado, além das redes sociais, o nosso foco também está nas ferramentas tecnológicas colocadas ao serviço da sociedade, pelo que, como o já falado Já Não Dá Para Abastecer ou outros projetos que estão ainda em desenvolvimento, são ideias que servem esse propósito de ajuda ao próximo. Todos estes projetos estão centralizados no nosso GitHub, onde todos são convidados a contribuir, partilhando uma filosofia de opensource e de opendata, que move tudo o que construímos.

Hoje, legalmente constituídos como Associação, a VOST – Associação de Voluntários Digitais em Situações de Emergência, continua a trabalhar, agora também nos Açores, sempre com a premissa ou lema de “na VOST Portugal, ser voluntário, é trabalhar para a invisibilidade e sempre com transparência!”

 

Quem é o Marco Maia? 

O Marco é um dos co-fundadores da VOST Portugal. Na bio do seu perfil do Twitter pode ler-se o seguinte: copyist monk / Always student / Economics & Human Resources Addict / I love thunderstorms.