5 livros para descobrir a filosofia

o dia mundial da filosofia comemora-se anualmente, nas terceiras quintas-feiras do mês de Novembro. trata-se de uma comemoração instituída pela UNESCO, cuja mensagem, publicada no seu site, é a seguinte:

 

Philosophy is an inspiring discipline as well as an everyday practice that can transform societies. By enabling   to discover the diversity of the intellectual currents in the world, philosophy stimulates intercultural dialogue. By awakening minds to the exercise of thinking and the reasoned confrontation of opinions, philosophy helps to build a more tolerant, more respectful society. It thus helps to understand and respond to major contemporary challenges by creating the intellectual conditions for change.

UNESCO leads World Philosophy Day – but does not own it. It belongs to everyone, everywhere, who cares about philosophy.

On this Day of collective exercise in free, reasoned and informed thinking on the major challenges of our time, all of UNESCO’s partners are encouraged to organize various types of activities – philosophical dialogues, debates, conferences, workshops, cultural events and presentations around the general theme of the Day, with the participation of philosophers and scientists from all branches of natural and social sciences, educators, teachers, students, press journalists and other mass media representatives, and the general public.

 

a filosofia é de e para todos. hoje em dia dispomos de muitos recursos e momentos que nos aproximam da filosofia: há cafés filosóficos, há filosofia no jardim de infância e há filosofia à distância de um passo: nos livros. neste artigo recomendo cinco livros que podem ajudar-vos a descobrir a filosofia e o gosto pelo pensamento filosófico.

 

Para que serve a filosofia?

o título do livro de Mary Midgley é sugestivo e provocador: trata-se de uma pergunta que ocupa quem se dedica à filosofia. afinal, para que serve? trata-se de um livro de leitura leve, do qual destaco esta passagem:

A filosofia, de facto, é toda ela sobre como pensar em casos difíceis – como imaginar, como visualizar e como conceber e descrever este mundo confuso, que é em parte visível para nós, em parte tangível e em parte conhecido por descrição, de uma forma que o torne mais inteligível como um todo. É um conjunto de artes práticas, de competências muito mais parecidas com as competências envolvidas na exploração de uma floresta desconhecida do que com a busca de um único tesouro enterrado chamado Verdade.

 

Pensar de A a Z

conheci o Nigel Warburton no twitter e depois, pessoalmente, numa conferência na faculdade de letras da universidade de lisboa. é um filósofo que vive na praça pública, levando a filosofia para o espaço onde se encontram as pessoas. neste livro, Pensar de A a Z, podemos caminhar por uma série de tipologias de raciocínios e de argumentos cujo conhecimento e prática conduzem a um pensamento crítico mais afinado:

Todos raciocinamos e argumentamos diariamente, mas quase todos desconhecemos os princípios elementares que nos permitem fazê-lo melhor e distinguir os raciocínios e argumentos adequados dos inadequados.

este é um livro para ter à mão, para consultar de vez em quando.

 

 

Filosofar

confesso que ainda não li este livro, pois está na mesa de cabeceira à espera da sua vez. o autor é Timothy Williamson e o subtítulo do Filosofar é “da curiosidade comum ao raciocínio lógico”. trata-se de um livro prático, com sugestões para filosofarmos e treinarmos o nosso pensamento crítico. há referências à história da filosofia que podem ser úteis para quem quer saber mais sobre os homens e as mulheres que dela fazem parte.

A filosofia, como toda a ciência, começa com modos de conhecer e pensar que todos os seres humanos normais têm, e aplica-os um pouco mais cuidadosamente, um pouco mais sistematicamente, um pouco mais criticamente, repetindo esse processo vezes sem conta.

 

As fronteiras da razão

Julian Baggini é um dos fundadores da revista The Philosopher’s Magazine e é um excelente comunicador. tive oportunidade de ouvir a sua conferência num encontro de professores de filosofia e gostei da forma como abordou o conteúdo da mesma. foi nessa conferência que conheci e comprei este livro, As Fronteiras da Razão, que nos provoca com um subtítulo: um céptico racional num mundo irracional. é um livro que nos faz parar para pensar – é, por isso, um bom livro.

Colho inspiração do exemplo de uma filósofa admirável, Philippa Foot, que disse modestamente: “De facto, ignoro profundamente grande parte da filosofia. Tenho uma memória terrível e não faço filosofia exactamente como as pessoas inteligentes que têm uma memória muito boa e que são esplêndidos eruditos.”

 

 

Janelas para a filosofia

Aires Almeida e Desidério Murcho, dois filósofos portugueses, partilham a autoria deste livro que comprei numa feira, a um preso irresistível (nem tirei o autocolante da capa para me lembrar que tive uma boa razão para quebrar a regra do “joana rita, não compras mais livros”. o livro cumpre o seu título:

Este livro abre janelas para […] temas filosóficos que inevitavelmente pressupomos, muitas vezes sem nos darmos conta disso. Mas de nada vale abrir janelas se as paisagens entrevistas ficarem de fora do nosso alcance. Por isso, não os limitámos a descrever ideias filosóficas [….] Procurámos, sobretudo, abrir caminhos de reflexão e dar instrumentos de autonomia intelectual.

 

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já agora, partilho convosco a ligação para o artigo 3 exercícios filosóficos para não filósofos, que escrevi para o Shifter, bem como um artigo sobre uma leitura que fiz de um dos livros de Wittgenstein. boas leituras!