6 chapéus do pensamento e a gestão de reuniões

os 6 chapéus do pensamento são uma técnica criada por Edward de Bono. no prefácio ao livro Seis Chapéus do Pensamento (editado pela Pergaminho), de Bono afirma mesmo: “O método dos Seis Chapéus do Pensamento poderá ser a mudança mais importante que ocorreu no pensamento humano, nos últimos dois mil e trezentos anos.” (p. 9) […]

os 6 chapéus do pensamento são uma técnica criada por Edward de Bono. no prefácio ao livro Seis Chapéus do Pensamento (editado pela Pergaminho), de Bono afirma mesmo:

“O método dos Seis Chapéus do Pensamento poderá ser a mudança mais importante que ocorreu no pensamento humano, nos últimos dois mil e trezentos anos.” (p. 9)

aquilo que de Bono nos propõe é inovador, tendo em conta que nos dias de hoje se promove o multitasking, a reunião zoom enquanto se cozinha, ir às compras enquanto se ouve o podcast preferido. a proposta passa por pensar uma coisa de cada vez:

“O pensador torna-se capaz de separar a emoção da lógica, a criatividade da informação, e por aí fora. (…) Os seis chapéus do pensamento permitem-nos reger o nosso pensamento, da mesma maneira que um maestro rege uma orquestra. Podemos evocar o que queremos. Em qualquer reunião, este conceito é muito útil para desviar as pessoas do seu caminho habitual e pô-las a pensar de maneira diferente sobre o assunto em mãos.” (p. 9)

 

os 6 chapéus como um jogo

a utilização dos seis chapéus pode ser encarada de forma lúdica. o jogo tem como características o facto de ter regras que são partilhadas por todas as pessoas participantes. da mesma forma é importante partilhar com os elementos da nossa equipa quais são as regras de utilização dos chapéus do pensamento e, antes de tudo, o que significa cada um deles.

“A confusão é o maior inimigo do bem pensar. Tentamos fazer demasiadas coisas ao mesmo tempo. Procuramos informação. Somos afectados por sentimentos. Procuramos novas ideias e opções. Temos de ser cautelosos. Queremos encontrar os benefícios. São demasiadas coisas.” (p. 21)

 

seis chapéus, seis linhas de pensamento distintas

o que significa cada um dos chapéus? que código é este que nos ajuda a pensar?

chapéu azul actua como maestro ou organizador da agenda ou plano. Decide o que vamos fazer a seguir, mantém o foco e é responsável por fazer pontos de situação.

chapéu branco tem a seu cargo a informação – a que está disponível ou aquela de que precisamos. Não avalia se é bom ou mau, apenas recolhe informação ou elenca aquela que nos falta.

chapéu vermelho dá-nos um tempo específico para exprimir emoções ou sentimentos. É o chapéu do gut feeling. Deve ser usado durante um tempo limitado (até 30 segundos) e não precisa de justificação.

chapéu preto assume uma postura de cautela, identificando problemas e dificuldades. É importante justificar de que forma é que certas tomadas de decisão podem ser desvantajosas.

chapéu amarelo procura os benefícios de uma certa ideia, devendo justificar esses benefícios. Traz para o diálogo as vantagens e as oportunidades de uma certa ideia.

chapéu verde convida a pensar em ideias novas, quando são necessárias alternativas. Pede um esforço criativo, um olhar atento às possibilidades. Não temos de avaliar se as ideias novas são boas ou não, esse papel é assumido pelos outros chapéus. (Journal ActiveMedia)

quando uma equipa domina a linguagem dos chapéus e o seu significado, torna-se mais fácil e até lúdico pedir uma mudança de pensamento: “ora, vamos lá pensar com o chapéu amarelo…”, “esse pensamento está alinhado com o chapéu preto”, “vamos partilhar o que nos diz o chapéu vermelho de cada um.” de Bono recomenda que as pessoas se familiarizem com a linguagem dos seis chapéus do pensamento.

 

6 chapéus do pensamento e a gestão de reuniões 2

📷 Gabrielle HendersonUnsplash

utilização dos 6 chapéus do pensamento

a utilização dos 6 chapéus pode acontecer de forma isolada ou de forma sequencial. assumindo que as pessoas em sala conhecem a técnica posso optar por dizer “precisamos de um momento chapéu verde” em vez de “precisamos de criatividade”.

há algumas sequências que podem ser úteis para certos objectivos. imaginando que pretendo escolher entre X e Y, a proposta de sequência passa por chapéu azul – chapéu verde – chapéu amarelo – chapéu preto – chapéu vermelho – chapéu azul.

de forma a averiguar alternativas possíveis: chapéu azul – chapéu verde – chapéu amarelo – chapéu preto – chapéu azul.

uma sequência possível para a resolução de problemas: chapéu azul – chapéu branco – chapéu verde – chapéu vermelho – chapéu amarelo – chapéu preto – chapéu verde – chapéu azul.

 

os 6 chapéus e as reuniões

em reunião, os 6 chapéus do pensamento trazem benefícios (chapéu amarelo), nomeadamente:

  • permite que as pessoas participantes tenham acesso a uma agenda orientada;
  • promove a prática de um pensamento estruturado;
  • reduz o tempo da reunião;
  • cria condições para que cada pessoa participe;
  • promove o trabalho em equipa, bem como o respeito pelo pensamento de cada pessoa.

 

para que as reuniões sejam focadas e produtivas é importante que as pessoas usem o chapéu que foi designado. caso seja o chapéu amarelo, cada pessoa deve tentar usar aquela linha de pensamento. ainda que eu não seja grande fã daquela ideia, devo procurar ver as vantagens da mesma.

a pessoa gestora da reunião deverá ter em conta que o chapéu azul abre e fecha a reunião. o chapéu azul de abertura vai dar o tom da reunião, indicando a razão para estarmos a reunir, definindo os tópicos, identificando o que se pretende alcançar e antecipando os passos que vamos dar. no final, o chapéu azul volta a entrar em cena para indicar o que foi alcançado, o resultado ou a conclusão a que chegámos, estabelecendo de forma simples e claro quais serão os próximos passos.

aquilo que acontece entre o chapéu azul de abertura e o de fecho vai depender do tipo de reunião que temos em mãos: é uma avaliação de projecto? uma avaliação de desempenho? vamos procurar ideias novas? ainda que se possa ter algumas sequências de chapéus

 

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os chapéus do pensamento não devem servir de rótulo para as pessoas, mas sim como um instrumento lúdico para pensarmos em conjunto: “Os chapéus transformam algo muito sério e urgente (precisamos de uma ideia para responder a um briefing!) num momento de jogo e de descoberta entre as pessoas da equipa.” (Journal ActiveMedia)

📚 Edward de Bono (2005) Os Seis Chapéus do Pensamento, Lisboa: Pergaminho

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📷 Jason GoodmanUnsplash