a palavra confiança é tendência na web summit

Katherine Maher seguiu as pisadas de Snowden: a CEO da enciclopédia mais consultada e menos citada em trabalhos académicos subiu ao palco central da web summit para nos falar de conhecimento, de comunidade e de confiança: ou melhor da crise de confiança sem precedentes. a palavra desinformação vem-nos à cabeça, assim como o termo que ficou popularizado: as fake news. 

Jessica Ennis-Hill, atleta. Ian Somerhalder, actor. Casper Lee, youtuber. influenciadores que reclamam por autenticidade e por uma postura de qualidade e de paixão no conteúdo que é partilhado com a comunidade que se cria. de forma colaborativa, sublinhou Casper Lee. 

“Uma crise de confiança sem precedentes”

ontem, Edward Snowden falou de confiança, hoje,  Katherine Maher seguiu as suas pisadas. a CEO da enciclopédia mais consultada e menos citada em trabalhos académicos [1] subiu ao palco central da web summit para nos falar de conhecimento, de comunidade e de confiança: ou melhor da crise de confiança sem precedentes. a palavra desinformação vem-nos à cabeça, assim como o termo que ficou popularizado: as fake news.

O termo fake news é hoje em dia comumente associado à caracterização de uma qualquer notícia com a qual o alvo da mesma ou os seus apoiantes não concordam. E de tão presente estar, na voz de actores sociais muito activos, este termo passou a ser conotado essencialmente com a cobertura jornalística da acção política. Como a política (ou muitos dos seus principais actores) é sempre percepcionada como algo de tão distante, muitas vezes como um processo de comunicação unidirecional, é fácil levantar a suspeita sobre situações tão comuns como uma falha não intencional de um jornalista, deixando-a ao mesmo nível que uma campanha orquestrada na qual se produzem verdadeiras notícias falsas. [Pedro Rebelo]

Abusando das palavras de Harari, não podemos esquecer que há muitos séculos alguém, os cristãos, quiseram convencer o mundo de que a Bíblia descrevia factos. Por sua vez, os muçulmanos fizeram o mesmo, em relação ao Alcorão. “Quando mil pessoas acreditam numa história inventada durante um mês, chamamos-lhe fake news. Quando mil milhões de pessoas acreditam nisso há mil anos, dizemos que isso é uma religião (…).” A humanidade tem um longo passado com as fake news. É uma história de amor antiga. Mas agora parece que é mais fácil acusar as redes sociais, que são umas malvadas e nos obrigam ao shareretweet e ao like, abdicando de uma das características mais sapiens do homo sapiens: PENSAR. Foi para isto que os nossos antepassados inventaram a roda? [Joana Rita Sousa]

 

a palavra confiança é tendência na web summit 1

tanta app e depois preferimos pagar em dinheiro

da partilha levada a cabo pelo CPO da Uber, Manik Gupta, houve algo que me deixou verdadeiramente curiosa: uma vez implementada a possibilidade dos clientes pagarem as suas viagens em dinheiro, este tipo de pagamento tornou-se a opção de 40% dos clientes. não é demasiado para um serviço que prima pela ausência de fricção: não tenho de ir para a rua chamar o táxi, não tenho de dizer nada ao motorista (além de boa noite ou obrigada), não tenho de usar a carteira – mas se for possível, quero?

 

os influenciadores, a autenticidade e os likes

Jessica Ennis-Hill, atleta. Ian Somerhalder, actor. Casper Lee, youtuber. influenciadores que reclamam por autenticidade e por uma postura de qualidade e de paixão no conteúdo que é partilhado com a comunidade que se cria de forma colaborativa, sublinhou Casper Lee.

 

A par de questões como a origem do universo ou o sentido da vida, a questão “quando é que um influenciador começa a influenciar?” constitui um mistério? Eu ganho o estatuto quando começo a ser reconhecida por uma marca para influenciar? Ou quando influencio a minha comunidade e, por isso, sou contactada por marcas para influenciar? Basta ser popular – junto de quem? Em que momentos? Em que tempo? Em que contexto? Quais são os critérios? [Joana Rita Sousa] 

A lógica da quantidade é algo que impera no pensamento de todos os dias. A qualidade exige um outro olhar, mais demorado. Obriga-nos a fazer outro tipo de perguntas. Olhar para um número dá segurança, à partida. E depois só temos de dizer: “tem 10 000 seguidores no instagram e por isso vamos poder impactar muitas pessoas”. Traduzir esse “muitas pessoas” em números é difícil, mas como já temos ali uma métrica sonante… siga.

O engajamento sustenta-se na ligação, na relação que se estabelece com as pessoas. Há um foco maior na questão das pessoas que em conjunto constituem uma comunidade. Pessoas, é esta a palavra chave. Se me focar nisso talvez seja ridículo estar a pedir likes na minha página para atingir X seguidores, tendo como perspectiva contactos com as marcas e aquilo que posso ganhar com isso.

É importante também olharmos para o conteúdo que se publica, só para ganhar mais likes ou para manter uma história que é nossa, que é autêntica. [Joana Rita Sousa]

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destes dois dias de web summit, eis algumas palavras que parecem fazer eco nos vários momentos da conferência:

 

 

 

[1] é um comentário irónico, sem qualquer fundamento científico.

📷 Web Summit

 

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