o que é uma pergunta?
uma pergunta que não tem uma resposta simples e que colocamos várias vezes na nossa vida é: “o que devo fazer?”. o colega de trabalho anda a desviar tinteiros do escritório: o que devo fazer? contar a alguém? avisá-lo de que sei?
uma pergunta que não tem uma resposta simples e que colocamos várias vezes na nossa vida é: “o que devo fazer?”.
o colega de trabalho anda a desviar tinteiros do escritório: o que devo fazer? contar a alguém? avisá-lo de que sei?
o meu amigo Joaquim namora com o Ricardo – e eu vi o Ricardo a tomar um café de forma meio suspeita com outra pessoa – o que devo fazer? alertar o Joaquim?
vai haver eleições e eu nem sei bem em que partido votar. o que devo fazer?
[para lá do óbvio]
antes de dizer que a pergunta é meio óbvia ou que não tem sentido, peço que coloque de parte esse juízo e contemple a pergunta.
o que é uma pergunta? – há dias no instagram obtive as seguintes respostas: “é uma frase com um ponto de interrogação, de algo que queremos saber” ou “é uma tentativa de resposta”.
assumindo o meu papel de filósofa de plantão (e por vezes de Platão), pergunto: e todas as perguntas têm um ponto de interrogação? o que quer dizer “tentativa de resposta”? será que a pergunta já responde de certo modo àquilo que se quer saber?
[o que importa (n)a pergunta?]
há vários tipos de perguntas e nem todas terão a mesma importância. Nem todas importam na mesma medida. Nem todas importam para dentro do diálogo alguma coisa relevante.
perguntar “está tudo bem?” nem sempre é uma pergunta genuína, assumindo o papel de protocolo para passarmos para o ponto seguinte. na verdade, nem sempre há ponto seguinte, é mesmo só uma frase que se repete a seguir ao olá, bom dia ou boa tarde. não estamos interessados na resposta.
“estás apaixonada?” – eis uma pergunta que pode comportar alguma complexidade e cuja resposta está intimamente ligada à pessoa que pergunta.
“quando começou a pandemia #covid19?” – já esta pergunta exige que se estabeleça um critério para a resposta: vamos considerar a data de proclamação da pandemia por parte da OMS (Organização Mundial de Saúde)? ou consideramos a data do 1.º confinamento? se assim for, importa saber se eu estou situada em Portugal ou noutro país do mundo, pois nem todos os países iniciaram o confinamento na mesma data.
uma pergunta que não tem uma resposta simples e que colocamos várias vezes na nossa vida é: “o que devo fazer?”.
o colega de trabalho anda a desviar tinteiros do escritório: o que devo fazer? contar a alguém? avisá-lo de que sei?
o meu amigo Joaquim namora com o Ricardo – e eu vi o Ricardo a tomar um café de forma meio suspeita com outra pessoa – o que devo fazer? alertar o Joaquim?
vai haver eleições e eu nem sei bem em que partido votar. o que devo fazer?
[perguntas em todo o lado – e respostas]
seja na vida profissional ou pessoal, nas redes sociais online e nas offline, as perguntas assaltam-nos, apanham-nos mais ou menos prevenidas.
um dos exercícios que recomendo para que possamos considerar a pergunta de uma forma mais consciente passa por criar um diário de perguntas. pode ser um diário físico, um caderno, ou um bloco de notas digital.
o importante é que seja possível registar diariamente uma pergunta, durante 30 dias seguidos. não importa se a pergunta é mais ou menos profunda – nesta fase importa registar uma pergunta por dia. no trigésimo primeiro dia voltamos ao dia 1 e arriscamos uma resposta.
no final de 2 meses teremos 60 perguntas e 30 respostas. note que estas podem sempre ser revistas, afinadas, melhoradas. não se preocupe em encontrar “A” resposta definitiva, mas sim a resposta mais razoável. lembre-se que é assim que a ciência progride, avançando com a resposta mais razoável e que colhe consenso junto da comunidade científica, considerando que essa resposta poderá vir a ser revista caso surjam novos dados e investigações.
vamos a isso? vamos perguntar e arriscar respostas?
[se quiser fizer parte de uma comunidade de ‘ssoas perguntadeiras, junte-se ao #ClubeDePerguntas. todos os meses há um desafio diferente para criar e contemplar perguntas, fazendo uso de ferramentas de pensamento crítico e criativo.]
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