talk emoji to me

passo a explicar o que significa cada um dos emoji: o unicórnio significa a criatividade e a imaginação, o poop relaciona-se com o meu voluntariado num albergue com muitos cães e, por conseguinte,  muito poop; o diamante é simples: eu sou uma jóia de moça.

o emoji banalizou-se dentro e fora da internet. hoje em dia o emoji é uma forma de comunicar que faz parte das perguntas e respostas que se fazem nas mais variadas redes sociais. é possível aceder a vários "teclados" de emoji nos nossos dispositivos móveis ou a emojicionários.

e eis que no meio da oficina de filosofia no jardim de infância, o petiz de 4 anos sentado ao meu lado olha para o meu braço, aponta para um emoji tatuado e pergunta: “joana, porque é que tens um cocó no braço?”

 

sorri, pois confesso que nem sempre me lembro desta tatuagem com três dos meus emoji preferidos: 🦄💩💎 e que fazem parte da minha “imagem de marca”, a par da franja e dos óculos.

passo a explicar o que significa cada um dos emoji: o unicórnio significa a criatividade e a imaginação, o poop relaciona-se com o meu voluntariado num albergue com muitos cães e, por conseguinte,  muito poop; o diamante é simples: eu sou uma jóia de moça.

 

a linguagem do emoji 😉

o emoji banalizou-se dentro e fora da internet. actualmente é uma forma de comunicar que faz parte das perguntas e respostas que se fazem nas mais variadas redes sociais. é possível aceder a vários “teclados” de emoji nos nossos dispositivos móveis ou a emojicionários.

o emoji condensa uma emoção ou uma expressão mais complexa de uma forma simples:

According to art educator and illustrator Catherine A. Moore, emojis are working alongside other digital mediums to advance our ability to communicate with pictures. While seemingly simple in nature, they can communicate complex emotions and abstract ideas. (Planbook)

 

como usar o emoji na educação 💁🏽‍♀️

o emoji pode surgir em vários momentos. é  fundamental que o grupo compreenda o significado de cada emoji e a forma como nos vamos apropriar dele. esse esclarecimento inicial é importante para evitar desentendimentos e confusões, permitindo um uso claro do emoji.

 

vejamos algumas possibilidades de uso do emoji ⤵️

emoji como código para regras:

🤐 pedir silêncio  – em vez de falar alto, podemos mostrar o emoji para pedir ao grupo que se acalme e faça o silêncio necessário para ouvir alguém ou para fazer uma tarefa.

 

emoji como código para tarefas: 

  • introduzir o tempo para pensar 🧠 – este emoji pode acompanhar um momento de trabalho de pensamento individual, a partir de um texto ou diálogo prévio;
  • partilhar uma tarefa de investigação 🕵️‍♀️ – este emoji pode figurar nos documentos que partilhamos com as tarefas que as pessoas do grupo têm de fazer e que neste caso é uma tarefa de investigação, de pesquisa, de busca por algo relacionado com os conteúdos que estamos a dar.

 

emoji como código para atribuir notas: 

em vez de usar insuficiente, suficiente, bom… use um emoji! partilhe uma tabela com a nota e o emoji respectivo com o grupo com o qual está a trabalhar. pode fazer carimbos com esses emojis e usar esse elemento para classificar os trabalhos das pessoas.

👉 lembre-se que é importante recordar como é feita a avaliação recorrendo ao emoji, não basta partilhar uma vez no início do ano lectivo; temos de lembrar constantemente as pessoas dos códigos que usamos, das regras associadas a esse código.

 

emoji como código para trabalhar o tom de voz:

Another strategy for introducing emojis into the classroom is to do an activity around emojis and tone of voice. Middle school teacher Erin Beers at Classroom Tested Resources suggests printing out emojis with their associated emotions and putting them on popsicle sticks. Then, each student reads a sentence in the tone that corresponds with their emoji on a stick.

The tone helps them understand the message being conveyed by each emoji, and goes to preventing miscommunication. This is important when introducing emojis for use in the classroom because it ensures students know how to use them correctly. (Planbook)

 

emoji de pessoa que descobriu algo e ficou muito espantado

👉 o emoji pode surgir em sala de aula presencial, bastando para tal que se faça a impressão dos emojis que são relevantes para o grupo. ao introduzir esta linguagem na sua sala, permita que as crianças e os jovens contribuam com o conhecimento que têm do emoji. parta do conhecimento que os alunos têm para criar as regras de utilização e os códigos. o/a professor/a também pode dar as suas sugestões e estabelecer alguns limites a bem da simplicidade e para evitar ter uma lista extensa de emojis (são mais de 2000!).

no trabalho que desenvolvo no âmbito da filosofia para crianças e jovens, há uma premissa da qual parto:

as crianças e os jovens têm algo a dizer sobre o mundo – e neste mundo incluímos o emoji e o seu papel na comunicação.

👉 já perguntou ao seu grupo como usa o emoji? qual é o seu emoji preferido? qual a razão para responder com um emoji e não com uma palavra? será que conseguiam ter um diálogo completo com alguém usando apenas o emoji? (eis uma actividade que pode fazer na sua sala de aula – e neste artigo encontra outras sugestões).

 

além do emoji: o gif, o meme e a hashtag

nem só de emojis vive a comunicação no mundo digital e, mais concretamente, nas redes sociais. há também os memes, os gifs e a hashtag.

os memes e os gifs são elementos que exigem algum contexto para que os possamos compreender. isso pode ser um contra: ter de explicar o meme faz com que a utilização do meme perca algum sentido; mas também pode ter um pró: a explicação do meme constituir um exercício de pesquisa para que o possamos compreender.

assumo que sou fã de uma série netflix, la casa de papel, bem como dos filmes de tarantino. é comum vestir uma #joanaritatee associada a essa série ou algum dos filmes nos dias em que faço certas oficinas ou palestras. assim, consigo fazer uma ligação entre o suporte digital e a parte física (neste caso, a minha roupa). alinho a escolha dos gifs ou memes com essa série. eis um exemplo:

imagem do filme pulp fiction

 

a escolha da referência deve ter em conta o público com o qual estamos a trabalhar, pois sabemos que há séries e filmes que não estão classificados para todas as faixas etárias (como a série squid game). as referências que partilhei são adequadas ao público deste workshop (*) e não para crianças ou jovens menores de 16 anos. depois também há outra questão: os jovens que têm agora 17 anos conhecem o Pulp Fiction? viram La Casa de Papel? ou será que há outra série ou filme que vá mais ao encontro dos seus interesses?

👀 uma curiosidade: sabia que os memes podem mesmo ajudar-nos a lidar com situações difíceis, como a vida pandémica?

👉 recomendo partir dos interesses das pessoas com as quais trabalhamos. como descobrimos esses interesses? perguntando directamente às pessoas ou observando o que trazem para sala de aula (mochilas, cadernos e outros elementos que aludem a essas séries).

 

as hashtags são uma excelente forma de agregar conteúdo e de o sinalizar tematicamente. podemos criar uma hashtag que vai ser somente usada em sala de aula e nos documentos colaborativos (via google drive, por exemplo). a linguagem do mundo digital transborda para o mundo não digital e as fronteiras entre um e o outro são ténues.

😂 não resisto a partilhar uma história sobre hashtags: há uns anos, numa turma do 1.º ciclo do ensino básico, escrevi o sinal de diferente no quadro. um dos pequenos levantou o braço e pediu a palavra: “joana, essa hashtag… falta-lhe uma perna!”.

 

📝 em suma, sobre o emoji na educação:

  • o emoji é uma forma de condensar uma expressão, uma emoção ou uma tarefa e são visualmente cativantes;
  • é fundamental que as pessoas do grupo conheçam o código associado a cada emoji, podendo participar na construção desse código;
  • o emoji, tal como os memes e os gifs ou as hashtags, pode ser o nosso melhor amigo para criar relação com o grupo, pois permite o humor e a conexão entre as pessoas da comunidade.

 

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⚠️ por se tratar de um elemento visual, esta estratégia de uso do emoji não inclui as pessoas cegas. porém podemos criar emojis sensoriais com outro tipo de código que permite a integração dessas pessoas no contexto da sala de aula. confesso que tenho uma experiência limitada neste campo e por isso gostaria de pensar nalguma táctica adequada para as pessoas cegas.

quem aceita o desafio para colaborar 💁🏽‍♀️ comigo?

 

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‼️ aproveito ainda para remeter o/a leitor/a para este artigo sobre a internet que eu respeito que é explicativo da forma como pretendo ser e estar no mundo digital.

💬 se quiser conhecer melhor o trabalho que desenvolvo no âmbito da filosofia para/com crianças, convido-a/o a visitar a filocriatividade.

 

(*) artigo redigido como material de apoio ao workshop Talk emoji to me, que teve lugar na Casa do Professor, em Braga, no dia 22 de Outubro de 2021.

outros materiais de apoio que foram abordados durante o workshop podem ser consultados através deste link.  

📷 Lidya NadaUnsplash